(Em construção)
Epopeia do Campeonato Brasileiro de Xadrez
Parte 1 (1927 – 1940)
Parte 2 (1941 a 1960)
Parte 3 (1961 a 1980)
Parte 4 (1981 a 2000)
Parte 5 (2001 em diante)
Bibliografia e créditos usados nesta obra
Fotos de época dos campeões do Brasileiro Absoluto
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Introdução Histórica
O xadrez do Brasil nasceu no século XIX. O pai foi o grande pianista português Artur Napoleão (1843-1925), que se radicou no Rio de Janeiro, a então Corte do Imperador Dom Pedro II (1825-1891). Além de músico e enxadrista, ele gostava de escrever. E fazia isso também muito bem. Devido às suas narrativas, as iniciativas enxadrísticas da sua época são conhecidas nos dias de hoje. Antes, caímos numa escuridão total em relação ao xadrez. Não existe documentação sobre atividades anteriores ao século XIX. Ao que parece, a vida da nação essencialmente agrícola não permitiu ao jogo-ciência criar raízes. Há, porém, divagações hipotéticas sobre partidas realizadas em nosso território nos três primeiros séculos da existência do Brasil. Uma é interessante e até possível de ter acontecido: a partida disputada na noite do descobrimento entre Pero Vaz de Caminha (1450-1500) e Pedro Álvares Cabral (1460-1520).
A Europa de 8 de março de 1500, data que Cabral deixou Lisboa com seus navios, era fascinada pelo jogo de xadrez. Nas cortes dos reis e entre a nobreza de todos os países europeus, o xadrez era a principal diversão. O livro do espanhol Ramirez de Lucena “Repeticion de Amores y Arte de Axedrez”, publicado três anos antes, era vendido pelo próprio autor. O melhor enxadrista do Continente era o boticário Damiano. Em 1500, Damiano provavelmente já estaria preparando o tratado de xadrez, que editou em Roma no ano de 1512. Pedro Alvarez Cabral pertencia à fidalguia. Assim, é provável que praticasse o xadrez. Além do mais, sabe-se que os navegantes lusitanos tinham hábito de jogar xadrez nas longas viagens marítimas. O historiador renascentista português João de Barros (1496-1570), autor de “Décadas da Ásia”, deixou esse fato gravado nos seus livros.
Quanto ao escrivão Pero Vaz de Caminha não há dúvida que amava o jogo. Sua paixão era grande. Quando escreveu ao Rei de Portugal Dom Manuel (1469-1521), narrando a descoberta, fez diversas referências às peças e ao tabuleiro. Em certo trecho cita que os beiços dos selvagens, furados e ornamentados, pareciam com as torres do xadrez. Em seu livro “A Carta de Pero Vaz Caminha” o escritor Jaime Cortesão (1884-1960) supõe que o escrivão jogou xadrez antes de escrever. Por isso, serviu-se das figuras das peças do jogo para dar maior realidade ao seu relato sobre a aparência dos nativos e coisas da nova terra. Cortesão acrescenta que Caminha deve ter jogado a bordo da nau capitânia com os da sua igualha social. Essas considerações de Jaime Cortesão fizeram que o bibliófilo e enxadrista Renato Berbert de Castro (1914-1999), em artigo na revista “Xadrez Brasileiro” (setembro de 1947), especular que a primeira partida de xadrez no Brasil foi entre Caminha e Cabral.
Há possibilidades de até muitas partidas terem sido jogadas naqueles dez dias que as treze naus portuguesas estiveram ancoradas na atual Baía Cabrália. Entre os mais de mil tripulantes da frota, havia alguns de elevada categoria social, como Nicolau Coelho, Sancho de Tovar, Pedro de Ataíde, Gaspar de Lemos e outros, que poderiam ter jogado xadrez nas caravelas, segundo a premissa que os navegadores portugueses daquela época tinham o costume de jogar xadrez em seus navios. Pode ser que até nas expedições colonizadoras dos séculos XVI e XVII se jogasse xadrez nas embarcações atracadas nos portos brasileiros que iam sendo inaugurados.
Podemos especular também a existência de enxadristas na comitiva de Dom João VI (1767-1826), que desembarcou no Brasil em 1808. Cerca de quinze mil súditos o acompanharam na sua fuga de Portugal por causa de Napoleão Bonaparte (1769-1821). Como a maioria era de nobres, é bem viável essa afirmativa. Ao menos o filho de Dom João VI, o futuro imperador do Brasil Dom Pedro I (1798-1834) gostava de xadrez. Há no Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro) algumas peças de rico jogo modelo chinês e um grande e artístico tabuleiro, que pertenceram ao Dom Pedro I. Aliás, Dom João trouxe de Lisboa uma quantidade enorme de livros, que formaram o acervo inicial da atual Biblioteca Nacional. Entre as obras literárias, duas são referentes ao xadrez: ‘Repeticion de Amores y Arte de Axedrez”, publicada em 1497 pelo enxadrista espanhol Juan Ramirez de Lucena (1465-1530); e o poema em Língua Latina de 1527 “Scacchia Ludus” do filósofo italiano Marcos Jerônimo Vida (1480-1566), que narra uma batalha de xadrez no Olímpio sob a proteção da deusa Caissa.
Em 1863, em seu “Traité Élémentaire du Jeu de Échecs”, o francês Le Comte de Basterot apontou o livro de Lucena como bastante raro. Basterot afirmou naquele ano que só existiam dois exemplares no mundo: um no British Museum (Londres); e o outro, descoberto pelo diplomata Heydebrand und der Lasa, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Exatamente o livro que Dom João VI trouxe de Portugal em 1808. Em 1974, o enxadrista carioca Altair de Souza constatou a existência do famoso livro no acervo da biblioteca. Por conta própria, mandou reproduzi-lo em fac-símile e distribuiu cópias para Grandes Mestres e jornalistas, inclusive eu, que escrevia na época uma coluna diária de xadrez no Jornal dos Sports do Rio de Janeiro.
Ao fim da primeira metade do século XIX, já havia no Rio de Janeiro bom número de enxadristas. Em razão disso, o Desembargador Henrique Veloso publicou, em 1850, o primeiro livro de xadrez no Brasil: “O Perfeito Jogador de Xadrez ou Manual Completo deste Jogo”. No ano seguinte, ele editou outro livro: “Aditamento ao Tratado do Jogo de Xadrez”, que era a ampliação melhorada do seu trabalho inicial. Naquela época, os enxadristas eram na maioria comerciantes estrangeiros estabelecidos na capital do Império, destacando-se os ingleses Jordan Cruise, Elkin Hime e o Dr. Pennel.
No período de 1859 a 1860, o famoso enxadrista e diplomata alemão Barão Tassilo von Heydebrand und der Lasa (1818-1899) morou no Rio de Janeiro, quando exerceu missão diplomática como ministro da antiga Prússia. Como vimos antes, der Lasa teve conhecimento na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro da existência de um exemplar do livro de Ramirez de Lucena. O barão foi autor do famoso “The Handbuch”, que no século XIX era a bíblia do xadrez. Além da edição inicial de Bilguer em 1840, o Handbuch teve sete edições entre os anos de 1843 a 1891, todas as quais aumentadas e aperfeiçoadas por Lasa. Na sua passagem pelo Rio de Janeiro, ele jogou xadrez com três alemães e um inglês em sua residência no Andaraí Pequeno (atualmente bairro da Tijuca).
Em meados da década de 1860, o xadrez começou seu real desenvolvimento no Brasil, com a decisão de Artur Napoleão dos Santos de radicar-se definitivamente no Rio de Janeiro. Foi o impulso que faltava para o jogo criar raízes em nosso País. Napoleão nasceu na cidade do Porto (Portugal) em 6 de março de 1843, filho do músico italiano Alexandre Napoleão e da portuguesa Joaquina Amália dos Santos. O casal teve nove filhos, mas em 1911 só três estavam vivos: o próprio Artur, Alfredo e Júlio. Este último foi morar na cidade gaúcha de São Gabriel, onde ainda residem seus descendentes. Artur Napoleão, que faleceu no Rio de Janeiro em 12 de maio de 1925, não teve filhos, embora tenha se casado duas vezes, com Lívia Avelar e, após a morte desta, com Rita Leão.
Duas fotos de Artur Napoleão no Rio de Janeiro. Em 1857, aos 14 anos de idade, na sua primeira visita à cidade.
A segunda foto em 1889 já radicado no Rio há mais de vinte anos.
Além da família, outras duas paixões de Artur Napoleão (gravura no Rio em 1857) estavam concentradas na partitura e no tabuleiro. A música o fez viajar por quase todo o mundo, desde muito pequeno, pois foi criança prodígio. Nas suas andanças, aproveitava os intervalos dos recitais para se dedicar ao xadrez. Em 1859, com apenas 16 anos de idade, foi apresentado ao famoso Paul Morphy (1837-1884) no New York Chess Club. O grande enxadrista norte-americano olhou para o menino português e disse: “Quero jogar uma partida com o jovem Napoleão”. Apesar de derrotado, Artur Napoleão foi muito aplaudido pelos assistentes. A primeira vez que veio ao Brasil exibir suas qualidades de pianista foi em 1857, quando chamou a atenção da imprensa e da nobreza pelo virtuosismo, apesar dos seus 14 anos de idade. Voltou diversas vezes ao Rio de Janeiro até a opção por morar no Brasil. A música lhe deu mais fama do que o xadrez. Por causa dela, existem dois logradouros em duas grandes cidades em sua homenagem. No Rio de Janeiro, há a Rua Artur Napoleão na Vila Kennedy, bairro de Bangu. Em São Paulo, a rua em sua homenagem fica no Jardim da Glória, perto do Cemitério de Vila Mariana. Em 1866, além de Artur Napoleão, o melhor enxadrista da capital do Império era Carlos Pradez. Mas já havia muitos amadores, que aumentaram com a publicação, sob a direção de Napoleão, da primeira seção de xadrez do Brasil na revista Ilustração Brasileira, de propriedade do jornalista Henrique Fleiuss. A coluna inicial saiu no dia 1º de fevereiro de 1877. Porém, ela acabou dois anos depois, por motivo da extinção da revista. Entretanto, o xadrez continuou a crescer na cidade, proporcionando em 1878 a fundação de um grêmio de xadrez, anexo ao Club Polytechnico, na Rua da Constituição. A diretoria era formada por Artur Napoleão, Visconde de Pirapetinga (pai de João Caldas Viana Neto) e o escritor Machado de Assis.
Para os parâmetros da época, o movimento desse pioneiro grêmio de xadrez era grande. Sempre cercado por assistência compenetrada, Artur Napoleão jogou memoráveis partidas com o então jovem oficial da Marinha e futuro almirante, Luís Felipe Saldanha da Gama (1846-1895). Saldanha da Gama, na época já herói da Guerra do Paraguai, era excelente jogador e teve a proeza de derrotar o famoso autômato de xadrez Ajeeb na Exposição de Filadélfia (Estados Unidos) em 1876 (Ajeeb, igual ao seu precursor Turco de Maelzel, era uma máquina com figura de gente e operada por forte enxadrista escondido em seu interior).
Anos mais tarde, em 1880, na residência de Artur Napoleão, na Rua Marquês de Abrantes (bairro de Botafogo), realizou-se minitorneio, que deve ser o primeiro do Brasil. Participaram, além do anfitrião, o advogado João Caldas Viana Neto, o escritor Machado de Assis, o poeta Vitoriano José Palhares, o veterano enxadrista Carlos Pradez e Joaquim Navarro. A competição foi vencida por Napoleão. Caldas Viana chegou em segundo; e Carlos Pradez, em terceiro. Vejamos como foi a vitória de Artur Napoleão (brancas) sobre Caldas Viana, que aceitou o Gambito Evans, muito usado no século XIX:
O experiente Artur Napoleão (com 37 anos de idade) preparou uma cilada, com base no Mate Philidor. E o inexperiente Caldas Viana (com apenas 17 anos de idade) caiu. Em 1883, o Club Beethoven organizou evento um pouco maior. Artur Napoleão não participou, porque fez parte do comitê organizador. O campeão foi Caldas Viana, seguido por Carlos Pradez. No dia da solenidade de entrega dos prêmios, Caldas Viana, então com 21 anos de idade, conduziu simultânea às cegas contra dois tabuleiros, vencendo uma partida e perdendo a outra por erro de enunciado. O feito está registrado na revista francesa La Stratégie (maio de 1893, página 51). Em 1887, Artur Napoleão promoveu na sua coluna de xadrez do Jornal do Comércio o primeiro torneio de problemas do Brasil. Ele fez parte da comissão de juízes, juntamente com G. Sauerbron e J. M. Bastos Pereira. Os principais prêmios foram conferidos a Caldas Viana, Rodolfo Eichbaun, Dario Galvão, Luís Soares e Napoleão Jeolás.
O grande pianista luso-brasileiro, além do grêmio de xadrez do Club Polytechnico, fundou outros clubes de xadrez no Rio de Janeiro, com destaque para o organizado em 1880 na Rua do Ouvidor; para o Clube de Xadrez Fluminense; e para o da Rua Gonçalves Dias. A diretoria deste último era assim constituída: presidente – Artur Napoleão, vice-presidente – João Caldas Viana Neto, secretário – Teófilo Torres, tesoureiro – F. Viana Neto, comissário – Cesário Machado. Outra grande iniciativa de Artur Napoleão foi a organização, com auxílio de Caldas Viana, Teófilo Torres e A. G. Meschick, de um espetáculo de xadrez com peças vivas, no dia 9 de agosto de 1897, no Teatro São Pedro (atual Teatro João Caetano). As damas e as torres foram representadas por senhoritas da sociedade da capital federal da nova república, na época presidida por Prudente de Morais (1841-1902). Os reis, bispos e cavalos por homens ilustres. Os peões por crianças de ambos os sexos. Todos os personagens vestidos elegantemente e caracterizando as peças do jogo. A partida terminou empatada e bastante aplaudida pelos espectadores.
A participação de Artur Napoleão na imprensa enxadrística também foi intensa. Além da coluna pioneira na revista Ilustração Brasileira, ele escreveu durante dois anos (1879-1880) uma na Revista Musical e Belas Artes, de sua propriedade. Em 1884, dirigiu seção no semanário humorístico “A Distração”. Em 1886, iniciou a excelente coluna no Jornal do Comércio aos domingos. Esta seção foi continuada, anos mais tarde, sob a direção de João Caldas Viana Neto. Napoleão publicou três livros de xadrez: “Primeiro Torneio de Problemas do Rio de Janeiro” (1888), “Problemas, Enigmas, Esfinges e Fantasias” (1887) e “Caissana Brasileira” (1898). Este último livro foi a sua maior obra literária. Foi impresso na gráfica do Jornal do Comércio e contém 505 diagramas de problemas de autores brasileiros, inclusive do escritor Machado de Assis, do Almirante Saldanha da Gama e do maestro Leopoldo Miguez. Há também excelente introdução histórica da participação do autor no xadrez do Rio de Janeiro, código das leis do jogo e a relação completa da sua biblioteca de xadrez.
A biblioteca de Artur Napoleão era constituída por cerca de 500 livros e algumas coleções de revistas encadernadas. Um acervo quase todo nos idiomas francês, inglês, italiano e alemão. Entre os exemplares da coleção, existiam obras que naquela época já eram consideradas raridades e relíquias. Vejamos algumas: “Il Giuco Incomparabili degli Scacchi”, de Ponziani, editado em Veneza 1812; “Il Giuco degli Scacchi”, de Ruy Lopes, editado em Veneza 1584; “Il Giuco degli Scacchi”, de Sálvio, editado em Nápoles 1723; “Essai sur le Jeu des Échecs”, de Stama, editado em Paris 1723. Philidor, por ser também músico, mereceu um destaque na biblioteca de Artur Napoleão. Além da primeira edição (1749) e a segunda (1777) do famoso livro “Analyse du Jeu de Échecs” de François-Andre Danican Philidor (1726-1795), Napoleão possuiu edições publicadas após a morte de Philidor editadas nos anos de 1821, 1844 e 1871 (esta, além do texto de Philidor, contém 68 partidas jogadas por ele). Na biblioteca existia ainda a coleção completa da revista francesa “La Stratégie”, desde o primeiro número até o lançamento do livro “Caissana Brasileira”, ou seja, de 1867 a 1898, encardenada em 31 volumes.
Mate em dois lances
O problema acima é de autoria de Machado de Assis. Foi publicado por Napoleão na Caissana Brasileira. Solução: 1.Bb5
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), Leopoldo Américo Miguez (1850-1902) e Antônio Carlos Gomes (1836-1896) foram os intelectuais que, que além da literatura no caso de Machado de Assis e da música no de Miguez e Carlos Gomes, praticaram o xadrez com assiduidade no tempo de Artur Napoleão. Dos três, porém, o que mais se dedicou à arte de Caissa foi o autor de Dom Casmurro. Machado de Assis participou de muitos torneios e deixou registrado coisas do xadrez em sua soberba obra literária. Podemos encontrar menção sobre o jogo em muitas das suas crônicas na revista “A Semana”. E nos romances: “Esaú e Jacob” (capítulo XII), “Iaiá Garcia” (capítulo XI e XII), “Qual dos Dois” (capítulo XII), “Memorial Aires” e “História dos Quinze Dias”.
João Caldas Viana Neto
O maior jogador do País do século XIX e primeiras décadas do século XX foi João Caldas Viana Neto. Informalmente, foi o primeiro mestre internacional do Brasil. Na época, não existia oficialmente o título de MI e nem a FIDE (Fédération Internationale des Échecs, que foi fundada em 20/7/1924) para homologá-lo. Mas a opinião pública ortogava-o a jogadores que se destacavam no cenário mundial. Caldas Viana fez jus ao título por sua carreira enxadrística, principalmente por ter empatado com o forte mestre alemão Richard Teichmann (1868-1925), quando da passagem deste pelo Rio de Janeiro em 1905. Também por ser Caldas Viana um problemista de renome internacional. Em 1900, o notável enxadrista brasileiro já era conhecido na Europa e Estados Unidos por produzir a bela seqüência de sacrifícios e combinações, bem ao estilo romântico da época. A partida é chamada com justiça de Imortal Brasileira. Vejamos como Caldas Viana conduziu as peças brancas contra Silvestre de Barros de pretas:
Caldas Viana também se notabilizou como grande teórico. Foi o criador da Variante Rio de Janeiro na Defesa Berlinesa da Abertura Ruy Lopes. O então campeão mundial Emanuel Lasker (1868-1941) fez excelente estudo desta variante na revista francesa La Stratégie, no ano de 1913, quando a chamou de desenvolvimento moderno e o melhor seguimento para quem optar pela Defesa Berlinesa.
João Caldas Viana Neto pertencia a uma nobre e tradicional família da cidade de Campos (RJ), onde nasceu no dia 4 de setembro de 1862. Seu avô por parte de pai, João Caldas Viana (1806-1862), foi fazendeiro, político conhecido no Império e presidente da província do Rio de Janeiro nos anos de 1843 e 1844. O pai do grande enxadrista, João Caldas Viana Filho (1837-1895), o Visconde de Pirapetinga, também foi apaixonado pelo xadrez, tendo dirigido alguns clubes com Artur Napoleão. Era um nobre da corte imperial e amigo do Imperador Dom Pedro II.
O filho do Visconde de Pirapetinga iniciou na arte da deusa Caissa nos clubes administrados pelo pai e pelas revistas especializadas que o visconde mandava vir da Europa. Além de enxadrista notável, João Caldas Viana Neto foi excelente advogado e jornalista. Trabalhou com Rui Barbosa e foi secretário da missão de Joaquim Nabuco na questão de limites do Brasil com a Guiana Inglesa. Caldas Viana Neto contraiu núpcias com a prima Maria Margarida.Ficou viúvo e tornou-se a casar com outra prima, Maria Augusta. As duas esposas eram filhas de irmão diferentes do Visconde de Pirapetinga. O enxadrista Luís Viana (1894-1970), campeão carioca de 1927 e que manteve nas décadas de 1920, 1930 e 1940 boa coluna de xadrez em O Globo chamada “Entre as Torres”, também era primo de Caldas Viana Neto. Por força de matrimônios entre a família, o dois tinham outros laços de parentescos (Luís Viana era irmão da segunda esposa de Caldas Viana Neto e casou-se com a filha deste com a primeira mulher). Portanto, Luís Viana era primo, cunhado e genro de Caldas Viana Neto. A morte de João Caldas Viana Neto, em 4 de outubro de 1931, ecoou em todo o Continente. A revista argentina “El Ajedrez Americano”(nº 50 – novembro de 1931) dedicou duas páginas, com a seguinte manchete: “Há Muerto el Patriarca del Ajedrez Sudamericano”. No Rio de Janeiro, foi instituída a Prova Clássica João Caldas Viana, disputada anualmente e que, por muito tempo, despertou mais interesse dos enxadristas, dos organizadores e da imprensa do que o Campeonato Brasileiro.
Um outro enxadrista contemporâneo de Artur Napoleão foi o inglês Charles Edward Corbett (1841-1895). Ele chegou ao Rio de Janeiro em 1865 aos 24 anos de idade. Na então capital do Império, esposou a brasileira Elisa March Ewbank, filha de ingleses. Logo depois, os dois foram para São Paulo. Corbett estabeleceu comércio na antiga Rua da Caixa D’Água (atual Rua Barão de Paranapiacaba), que fica ao lado da Catedral da Sé. O enxadrista inglês foi o precursor da organização do xadrez bandeirante. Depois, surgiram outros pioneiros: Conde de Itu, Antônio Joaquim de Macedo Soares, Miguel Genin, Ferreira Lobo e Maurício Levy. Corbett também inaugurou no dia 14 de fevereiro de 1885 no Diário Popular a primeira coluna de xadrez de São Paulo, a qual dirigiu até outubro de 1886. Em 1899, Maurício Levy começou a escrever uma coluna de xadrez também no Diário Popular, que a manteve por mais de cinqüenta anos até o dia da sua morte.
A vida enxadrística da romântica cidade de São Paulo no final do século XIX era praticamente no Café Guarani (uma espécie de Café La Régence de Paris). Numa cidade sossegada, com a população de cerca de 250 mil habitantes, os enxadristas bandeirantes voltavam para a casa altas horas da noite pelas ruas tranquilas e amigáveis, após o lazer frente ao tabuleiro. Justamente em um bar do Largo General Osório, em 12 de junho de 1902, foi fundado o Clube de Xadrez São Paulo. Seus fundadores eram maiorias alemães: F. C. Lichtenberger (o primeiro presidente), A. Ravache, F. Suder, C. Araújo, C. Henning, H. Muller, C. Jerosch, L. Villa Real, R. Lachanann e A. Scmidd. Logo após a fundação, antigos enxadristas da cidade aderiram a idéia: Maurício Levy, José Eduardo de Macedo Soares, Alexandre Haas e Paulo Tagliaferro. O novo clube manteve intercâmbio com enxadristas cariocas, disputando matches telegráficos com os da Capital Federal. Na década de 1920, o CXSP em diversas oportunidades recebeu em sua sede visitas de equipe do Rio de Janeiro.
Na Capital Federal, o Clube de Xadrez do Rio de Janeiro contratou em 1925 o Grande Mestre Ricardo Reti (1889-1929) para uma estada na cidade durante um mês. Reti jogou simultâneas sem ver o tabuleiro, deu aulas teóricas e conferências. Em uma das simultâneas sem ver o tabuleiro, enfrentou os doze melhores jogadores do Rio de Janeiro. Eis os resultados: venceu oito partidas (João Souza Mendes, Edmundo Gastão da Cunha, Tasso Mota, Lacerda Guimarães, A. Montenegro, L. Botelho, Eduardo Bártoli e Ricardo Ferreira), empatou três (Barbosa de Oliveira, Alberto Gama e Heitor Bastos) e perdeu para Phillip Wennestron. Em São Paulo, também em 1925, Reti estabeleceu novo recorde mundial de simultâneas às cegas. Jogou contra 29 enxadristas: venceu vinte, empatou sete e perdeu duas partidas.
Na condição de campeão mundial, o cubano Raul Capablanca (1888-1942) esteve em 1927 no Rio e em São Paulo, aproveitando a viagem para Buenos Aires, onde perderia o título para Alexander Alekhine (1892-1946). Em São Paulo, Capablanca realizou concorrida sessão de partidas simultâneas no CXSP. No Rio de Janeiro, jogou partida de consulta contra forte equipe carioca. A visita de Capablanca encerrou uma era do xadrez do Brasil, pois o ano de 1927 marcou o início da epopeia do Campeonato Brasileiro.
Cameonato Brasileiro 1927
Campeão: João Souza Mendes Júnior (Rio – DF)
Vice-campeão: Vicente Túlio Romano
Local: Rio de Janeiro (DF)
Na antiga Capital Federal, aconteceu o primeiro Campeonato Brasileiro, disputado em outubro de 1927, no Clube de Xadrez do Rio de Janeiro. Após turno inicial, que eliminou Meir Lerman do antigo Estado do Rio; o campeão do Distrito Federal, João de Souza Mendes (35 anos) venceu o campeão paulista, Vicente Túlio Romano (29 anos) por 3,5 a 1,5 (três vitórias, um empate e uma derrota). A última das seis partidas previstas não foi necessária jogar, pois Souza Mendes conquistou o título ao ganhar a quinta partida. Antigamente o ano do primeiro Campeonato Brasileiro era erradamente aceito como se fosse em 1925. A partir de 1956, por erro da revista “Xadrez”, todas as publicações futuras, inclusive as minhas, incidiram no engano. Na verdade, o campeonato foi em 1927, como atestam as seções especializadas dos jornais, a revista argentina “Ajedrez Americano” e o livro “Curso Elementar de Xadrez”, editado em 1928 por Francisco Vieira Agarez (1896-1947). Houve um equívoco da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) ao informar à revista “Xadrez” o ano de 1925. Foi interpretado mal a realidade que o primeiro campeonato foi realizado poucos meses após a fundação da Federação Brasileira de Xadrez (nome que tinha a CBX até 1941). A data de 6/11/1924 não é a da fundação da FBX, mas sim a data que ficou pronto seu estatuto. A primeira diretoria da FBX foi eleita em 1927 e seu primeiro presidente foi Gustavo Garnott (coluna de xadrez do Jornal de Charadas – 1927).
O campeão brasileiro de 1927, João de Souza Mendes Júnior, nasceu na Ilha dos Açores (Portugal) em 23 de junho de 1892. Veio para o Brasil muito jovem e se naturalizou brasileiro. Aprendeu a jogar xadrez em 1910, quando era estudante de Medicina. Faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 10 de julho de 1969. Nas últimas horas de vida no Hospital dos Servidores (RJ), recebeu a visita de Hilwan Cantanhede (presidente da federação de xadrez do Rio). Ao saber que Cantanhede iria a São Paulo levar a lista dos participantes do Rio ao Brasileiro de 1969, pediu para que o inscrevesse, pois tinha direito. Acrescentou que já estava bom e logo viajaria para São Paulo. Cantanhede chegou a São Paulo e solicitou a inscrição de Souza Mendes no campeonato. Os dirigentes paulistas ficaram assustados, pois Souza Mendes havia falecido (Cantanhede viajando nada sabia). Souza Mendes participou muitas fases finais do Campeonato Brasileiro e até no leito da morte desejou tomar parte da competição.
O vice-campeão brasileiro de 1927, Vicente Túlio Romano, nasceu em 1898 e faleceu em 1962. Começou a jogar xadrez no Automóvel Clube de São Paulo em 1919, clube que foi campeão em 1921. Foi campeão paulista em 1927. Em 1933, realizou viagem à Europa, onde jogou com Znosko-Borowski e Tartakower. Nessa excursão, disputou uma simultânea em Portugal contra 16 enxadristas (venceu oito, perdeu seis e empatou duas partidas)
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1927 – Analisadas
Campeonato Brasileiro 1928
Campeão: João Souza Mendes Júnior (Rio – DF)
Vice-campeão: Walter Oswaldo Cruz (Rio – DF)
Local: Rio de Janeiro (DF)
O segundo Campeonato Brasileiro também foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, o então Distrito Federal. A sede das partidas foi no Clube de Xadrez do Rio de Janeiro, durante os meses de setembro e outubro de 1928. O jovem estudante de Medicina Walter Oswaldo Cruz, com 18 anos de idade e filho do famoso médico sanitarista e cientista Oswaldo Cruz, tornou-se o desafiante do campeão João de Souza Mendes Júnior, sem disputar esse direito com o campeão paulista Vicente Túlio Romano, que desistiu de vir ao Rio.
O match entre Souza Mendes e Walter Cruz foi em dez partidas e terminou empatado em 5 a 5. Souza Mendes, por ser o campeão, conquistou o título com o empate, de acordo com o regulamento da competição. João de Souza Mendes iniciou o match arrasador, vencendo as duas primeiras partidas e empatando a terceira. Depois, veio a sensacional reação de Walter Cruz, que ganhou a quarta, sexta e sétima e empatou a quinta. Nesse momento, o resultado parcial era favorável a Walter Cruz por 4 a 3. O experiente Souza Mendes não se perturbou e venceu a oitava. Walter Cruz triunfou na nona, passando a liderar novamente por 5 a 4. Precisava apenas do empate na décima para ser campeão. Porém, uma falha infantil lhe foi fatal (perdeu a qualidade no início do jogo). Souza Mendes aproveitou a vantagem e venceu a partida, conquistando o bicampeonato brasileiro.
Durante o match, Luís Viana – redator de xadrez do jornal “O Globo” – desafiou Walter Cruz para uma série de partidas a ser efetuada em janeiro de 1929. O prêmio seria de um conto de réis (muito dinheiro para época). Cada um teria que depositar no banco a quantia de quinhentos mil réis. Walter Cruz desistiu de disputar o match, por causa das críticas da imprensa paulista contra esse tipo de apostas no xadrez.
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1928 – Analisadas
Campeonato Brasileiro 1929
Campeão: João Souza Mendes Júnior (Rio – DF)
Vice-campeão: Walter Oswaldo Cruz (Rio – DF)
Local: Rio de Janeiro (DF)
Logo após a conquista do título de 1928, João de Souza Mendes Júnior manifestou interesse em colocá-lo em jogo contra o campeão paulista Vicente Túlio Romano, mesmo sem autorização da Federação Brasileira de Xadrez. No início de 1929, os dois chegaram até marcar para março o match pelo cetro nacional. Porém, em fevereiro, Túlio Romano desistiu. Acabou vindo de São Paulo o forte enxadrista Manuel Madeira de Ley. O match entre Souza Mendes e Madeira de Ley foi realizado de 15 a 21 de março, no Rio de Janeiro, em quatro partidas. Souza Mendes venceu com facilidade por 4 a 0. Embora tenha posto o título em jogo, Mendes não deveria perdê-lo se acontecesse sua derrota, porque a FBX reiterou que a disputa não era legal.
A competição oficial, organizada e dirigida pela FBX, foi nos meses de junho e julho de 1929, na sede da entidade, na Rua Uruguaiana, Rio de Janeiro (DF), foto ao lado. O campeão Souza Mendes teve como adversário o mesmo do ano anterior: Walter Oswaldo Cruz. A primeira das dez partidas previstas (dia 20 de junho) foi vencida por Walter Cruz, dando a impressão aos assistentes que destronaria o campeão, fato que por pouco não aconteceu no Brasileiro anterior. Souza Mendes, todavia, atuou muito melhor em 1929 que no match de 1928. Com inteiro domínio sobre o adversário, ele ganhou a segunda, terceira, quinta e sétima partidas e empatou a quarta e a sexta. Após a sétima partida, com o placar favorável por 5 a 2 (quatro vitórias, dois empates e uma derrota), Souza Mendes conquistou o tricampeonato brasileiro. Não foi necessário jogar as três últimas, pois, mesmo que ele perdesse essas três últimas partidas, o título também seria seu com o empate no match por 5 a 5.
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1929
Campeonato Brasileiro 1930
Campeão: João Souza Mendes Júnior (Rio – DF)
Vice-campeão: José Lacerda Guimarães (Rio – DF)
Local: Rio de Janeiro (DF
Campeão: Vice-campeão: Local: ) O IV Campeonato Brasileiro foi disputado entre 14 de fevereiro a 21 de março de 1930, no mesmo palco de uma das mais efervescentes disputa política no Brasil. O match pelo título máximo do xadrez brasileiro iniciou-se quando o ambiente na cidade do Rio de Janeiro, a Capital Federal, estava tenso com a proximidade da mais turbulenta eleição presidencial da história do País. Mas também era época da maior festa popular do Rio. O carnaval daqueles tempos era bastante diferente dos de hoje. Havia batalhas de confetes quase todos os dias nas ruas da metrópole, bem antes da data oficial do tríduo de momo. O pleito eleitoral para substituir o Presidente Washington Luís foi justamente no sábado de carnaval, dia 1º de março. Getúlio Vargas obteve vitória espetacular na antiga capital da República, mas perdeu as eleições para Júlio Preste na soma geral do País. Essa derrota, afirmada por muitos com fraudulenta, aumentou as hostilidades políticas. Foi a semente para a futura revolução de outubro de 1930.
Cercados por esse clima carnavalesco e político, na sede do Clube de Xadrez do Rio de Janeiro, dois enxadristas lutavam pelo título brasileiro: João de Souza Mendes Júnior, tricampeão nacional; e o desafiante José Lacerda Guimarães, campeão carioca de 1929. Souza Mendes não precisou das dez partidas previstas. Só bastou sete para impor a vitória por 5 a 2 (quatro vitórias, dois empates e uma derrota). Na terceira partida (dia 21/2/1930), o match foi suspenso por causa do carnaval, apesar de faltar uma semana para seu início oficial. A disputa só foi reiniciada dezoito dias depois (11 de março), a primeira terça-feira após os festejos momescos, com a quarta partida, na qual Souza ampliou sua vantagem, para ganhar o título na sétima.
José Lacerda Guimarães, o vice-campeão brasileiro de 1930, nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 19/3/1903 e faleceu também no Rio de Janeiro (RJ) em 27/8/1984. Foi campeão carioca em 1929.
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1930
Campeonato Brasileiro 1932
Campeão: Orlando Roças Júnior (Rio – DF)
Vice-campeão: Alberto Machado Gama (RJ)
Local: Rio de Janeiro (DF)
A partir do término do IV Campeonato Brasileiro em 21 de março de 1930, decorreram 34 meses para a Federação Brasileira de Xadrez dar início a quinta edição da competição em 10 de janeiro de 1933. Problemas administrativos da entidade e a impossibilidade, por motivo de força maior, do campeão João de Souza Mendes de colocar o título em jogo foram as causas principais desse longo período sem a disputa do Brasileiro. Outro fator foi a morte de João Caldas Viana Neto em outubro de 1931, razão que fez o Clube de Xadrez do Rio de Janeiro promover uma prova clássica em homenagem ao grande enxadrista falecido, que contou com os mais fortes jogadores da capital. Por tudo isso, a FBX resolveu não efetuar o Campeonato Brasileiro de 1931.
O campeonato de 1932, também por causa da Prova Caldas Viana, foi adiado para janeiro de 1933. Na nova data para o Campeonato Brasileiro de 1932, por falta de divulgação, a FBX só recebeu inscrição de dois campeões: Orlando Roças Júnior, campeão do Distrito Federal (Rio); e Alberto Machado Gama, campeão do antigo Estado do Rio de Janeiro. Souza Mendes chegou a se inscrever, mas desistiu pouco antes do início da competição. Vicente Túlio Romano, campeão paulista, esteve no Rio alguns dias do início do campeonato, mas regressou a São Paulo sem ser informado da data de início da competição. O match entre Orlando Roças e Alberto Gama foi em quatro partidas, de 10 a 22 de janeiro de 1933. Roças conquistou o título ao vencer por 3 a 1 (duas vitórias e dois empates).
O campeão brasileiro de 1932, Orlando Roças Júnior (foto), nasceu no Rio de Janeiro em 14/2/1911. Aprendeu a jogar xadrez aos 15 anos de idade no então bucólico bairro de Ipanema (Zona Sul do Rio). Foi campeão da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde colou grau de bacharel em 1931. Mesmo com a participação dos grandes jogadores da época, Roças teria condições de ganhar o título, pois apesar da pouca idade (21 anos) já possuía excelente bagagem enxadrística. Foi vice-campeão em 1931 e 1932 da difícil Prova Clássica Caldas Viana. Ganhou em grande estilo o Campeonato do Distrito Federal (Rio de Janeiro) de 1932, triunfo que lhe deu o direito de se inscrever no Brasileiro. Orlando Roças faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 9/8/1975, após três anos de sofrimento por motivo de um derrame cerebral, que o deixou na cama praticamente sem movimentos. O vice-campeão brasileiro de 1932, Alberto Machado Gama, já falecido, nasceu em 16/3/1905. Foi campeão carioca do interclubes em 1936 (Clube de Xadrez Rio de Janeiro) e 1937 (Botafogo).
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1932
Orlando Roças 0,5 x 0,5 Alberto Gama -1a. partida
Alberto Gama 0,5 x 0,5 Orlando Roças – 2a. partida
Orlando Roças 1 x 0 Alberto Gama – 3a. partida
Alberto Gama 0 x 1 Orlando Roças – 4a. partida
Campeonato Brasileiro 1933
Campeão: Orlando Roças Júnior (Rio – DF)
Vice-campeão: João de Souza Mendes Júnior (Rio – DF)
Local: Local: Rio de Janeiro (DF)
Como aconteceu em 1932, o Campeonato Brasileiro de 1933 também foi adiado por motivo da Prova Clássica Caldas Viana Neto. O Brasileiro foi disputado no ano seguinte no período de 20 de fevereiro a 15 de março de 1934. Orlando Roças Júnior confirmou sua força enxadrística ao conquistar novamente o troféu, mas desta vez valorizada em um duelo contra o grande João de Souza Mendes Júnior. A luta pelo cetro nacional ficou reduzida aos dois enxadristas, pois o outro representante do Distrito Federal Caubi Pulcherio, único campeão nacional inscrito, desistiu de jogar a semifinal com Souza Mendes.
Assim, a Federação Brasileira de Xadrez programou uma série de dez partidas entre Roças e Mendes, que terminou empatada em 5 a 5, resultado que deu o bicampeonato brasileiro a Orlando Roças por ter sido o último campeão. O match foi tecnicamente fraco, com muitas falhas de ambos. Porém, bastante emocionante por causa das alternâncias no marcador. Roças triunfou na primeira partida. Mas Souza Mendes comandou o match até o início da última rodada. Esteve bem perto de recuperar o título. Após a sexta partida, Mendes vencia por 4 a 2 (vitórias na segunda, quarta e quinta partidas. Empates na terceira e sexta). Na sétima partida, perdeu pelo tempo, em uma posição que praticamente levaria a novo empate. A oitava e nona terminaram empatadas. Porém, Roças jogou bem o final da décima partida e conseguiu mais um ponto igualando o match em 5 a 5 e conquistando o título.
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1933
Orlando Roças 1 x 0 Souza Mendes – 1a. partida
Souza Mendes 1 x 0 Orlando Roças – 4a. partida
Orlando Roças 1 x 0 Souza Mendes – 7a. partida
Souza Mendes 0 x 1 Orlando Roças – 10a. partida
Campeonato Brasileiro 1935
Campeão: Tomás Pompeu Acioly Borges (Rio – DF)
Vice-campeão: Orlando Roças Júnior (Rio – DF)
Local: Rio de Janeiro (DF)
No começo de 1934, era pensamento da Federação Brasileira de Xadrez atualizar a cronologia do Campeonato Brasileiro. A intenção era realizar em 1934 a competição atrasada de 1933 e do ano, ou seja, 1934. Mas a FBX só conseguiu em 1934 completar o campeonato de 1933 como vimos antes. Em janeiro de 1935, a cronologia do campeonato continuava defasada. Então, o presidente da FBX (Antônio Américo Barbosa de Oliveira) resolveu não efetuar o campeonato de 1934. Assim, no ano de 1935, foi realizada a sétima edição do Campeonato Brasileiro com data oficial de 1935. Logo após essa decisão, ainda no mês de janeiro, a FBX abriu inscrições para o Torneio Nacional de Seleção. Somente se inscreveram três enxadristas dos que tinha direito de participar: Tomás Pompeu Acioly Borges (campeão carioca de 1930), Ademar da Silva Rocha (campeão carioca de 1934) e Alberto Machado Gama (campeão do antigo Estado do Rio de 1934). Orlando Roças Júnior, o então campeão brasileiro; e João de Souza Mendes Júnior, vice-campeão brasileiro, não precisaram disputar a fase preliminar.
Mais uma vez o Campeonato Brasileiro não contava com outros campeões estaduais. A Prova Clássica Caldas Viana, promoção do Clube de Xadrez do Rio de Janeiro, é que era a grande atração daqueles tempos. Muitos campeões regionais vinham ao Rio para tomar parte dela. Alguns de Estados longínquos, como foi o caso de Gilberto Câmara, campeão do Ceará. Eis a relação dos campeões da Prova Caldas Viana até 1935:
1931 – João de Souza Mendes – 42 participantes
1932 – Adolfo Berger – 36 participantes
1933 – Tomás Acioly Borges – 30 participantes
1934 – Caubi Pulchério – 15 participantes
1935 – Raul Charlier – 42 participantes
Enquanto isso, o 7º Campeonato Brasileiro começava em fevereiro de 1935 com apenas três inscritos para o Torneio Nacional de Seleção. Acioly Borges venceu os dois turnos da competição, totalizando três pontos ganhos (dois empates com Silva Rocha e duas vitória sobre Alberto Gama). Ademar Silva Rocha chegou em segundo lugar com 2,5 pontos. Alberto Machado Gama somou apenas meio ponto. Acioly Borges classificou-se para a disputa da semifinal com o então vice-campeão brasileiro João de Souza Mendes em quatro partidas. Em abril 1935, Borges venceu Mendes por 2,5 a 0,5 (duas vitórias e um empate), na maior contagem que um enxadrista havia conseguido até aquele ano sobre Souza Mendes. Com esse excelente resultado, Borges ganhou o direito de jogar um match de dez partidas com o campeão Orlando Roças.
A disputa da final de 1935 foi a mais tumultuada da história do Campeonato Brasileiro. A data de início do match foi transferida diversas vezes por Orlando Roças não concordar com o regulamento. Finalmente, começou em setembro de 1935. A primeira partida terminou empatada em 17 lances. Na segunda, novo empate em 27 lances. A terceira foi anulada pela Comissão de Juízes, que marcou nova data para ser jogada. Descontrolado e se sentido prejudicado, Orlando Roças insurgiu-se contra a diretoria da FBX e tentou agredir o árbitro principal Alcindo Caldas Viana (filho de João Caldas Viana Neto). O caos que se seguiu provocou a renúncia do presidente da FBX Antônio Américo Barbosa de Oliveira. Em 30 de setembro de 1935, foi eleito e empossado o novo presidente: Luís Felipe Burlamaqui. Com autoridade e energia, Burlamaqui cumpriu a decisão da Comissão de Juízes, determinando o dia e local para a disputa da terceira partida, que foi vencida por Acioly Borges por ausência de Orlando Roças. A quarta partida foi declarada empate, mas não se tem certeza se foi mesmo efetuada. A quinta novamente ganha por Acioly Borges por não comparecimento do adversário. Após essa quinta partida, a FBX encerrou o match com a vitória de Acioly Borges por 3,5 a 1,5. Borges, então foi proclamado o novo campeão brasileiro.
O campeão brasileiro de 1935, Tomás Pompeu Acioly Borges (foto), nasceu em Fortaleza no dia 17 de dezembro de 1908 e faleceu no Rio de Janeiro em 18 de setembro de 1986. Formou-se em Engenharia na Escola Politécnica do Rio de Janeiro (Largo de São Francisco), onde foi campeão de xadrez em 1928. Conquistou diversas vezes o Campeonato Interclubes do antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro), defendendo o Fluminense FC. Além do Campeonato Brasileiro, seu maior título foi o de vencedor da Prova Clássica Caldas Viana de 1933. Membro da Aliança Nacional Libertadora, participou ativamente da política brasileira na época da ditadura de Getúlio Vargas. Como o partido foi fechado durante o Estado Novo, Acioly manteve-se na clandestinidade, sendo preso várias vezes por motivos políticos. Foi companheiro de cela do escritor Graciliano Ramos, na Ilha Grande. Graciliano, aliás, narra no livro “Memórias do Cárcere” um feito de Acioly na prisão, que jogou simultânea sem ver o tabuleiro contra presos que estavam em outras celas. Uma verdadeira aula de xadrez no xadrez.
Campeonato Brasileiro 1938
Campeão: Walter Oswaldo Cruz (Rio – DF)
Vice-campeão: Otávio Trompowsky (Rio – DF)
Local: Rio de Janeiro (DF)
A convulsão política dos anos da década de 1930 foi responsável pela não realização do Campeonato Brasileiro em 1936 e 1937, pois o então campeão Tomás Pompeu Acioly Borges esteve preso de março de 1936 até junho de 1937, por motivos políticos (era membro da Aliança Nacional Libertadora, partido antifascista fechado pelo Presidente Getúlio Vargas). No segundo semestre de 1937, mesmo em liberdade, Acioly continuava a ser perseguido, sendo condenado pelo Superior Tribunal Militar a três anos e dez meses de prisão. Antes de ser capturado novamente, ele se asilou na embaixada do Peru, seguindo para Paris. Depois, ficou exilado alguns anos na Argentina. Com o campeão fora do País, a Federação Brasileira de Xadrez resolveu reformular o regulamento do Campeonato Brasileiro. De acordo com as novas normas, a entidade abriu inscrições para o Torneio Nacional de Seleção a todos os enxadristas que já tivessem obtido o título de campeão brasileiro e campeão estadual. Além disso, a FBX teria o poder de convidar jogadores de reconhecida força, para completar o número mínimo de participantes. Os dois primeiros colocados dessa competição jogariam um match de dez partidas pelo título de campeão brasileiro. Os classificados foram Walter Cruz e Otávio Trompowsky.
O Torneio Nacional de Seleção foi realizado em janeiro e fevereiro de 1938 em dois turnos, com oito participantes (sete do antigo Distrito Federal, atual município do Rio de Janeiro): Souza Mendes (ex-campeão brasileiro), Otávio Trompowsky (campeão carioca de 1931),Joaquim de Almeida Pinto (campeão carioca de 1936), Walter Cruz e Ademar da Silva Rocha, que dividiram o título carioca de 1937. Os outros três concorrentes foram convidados pela FBX: Edvaldo Vasconcelos, Davi Ballesteros e José Ávila Goulart. Edvaldo Vasconcelos, representante do antigo Estado do Rio de Janeiro, foi o único participante fora da capital federal. Novamente, fortes enxadristas de outros Estados não se inscreveram. O ex-campeão brasileiro Orlando Roças também não quis participar, talvez por causa da briga com a diretoria da FBX no campeonato anterior.
TORNEIO NACIONAL DE SELEÇÃO – 1938
Classificação | 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | PG |
1 – Walter Cruz – Rio-DF | 2 | 2 | 1 | 1 | 1,5 | 2 | 2 | 11,5 | |
2 – Otávio Trompowsky – Rio-DF | 0 | 1,5 | 1,5 | 2 | 2 | 1 | 2 | 10,0 | |
3 – Souza Mendes – Rio-DF | 0 | 0,5 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 9,5 | |
4 – Ademar Silva Rocha – Rio-DF | 1 | 0,5 | 1 | 1 | 2 | 1,5 | 2 | 9,0 | |
5 – Joaquim Almeida Pinto – Rio-DF | 1 | 0 | 0 | 1 | 2 | 2 | 2 | 8,0 | |
6 – Davi Ballestero – Rio-DF | 0,5 | 0 | 0 | 0 | 0 | 2 | 1 | 3,5 | |
7 – José Ávila Goulart – Rio-DF | 0 | 1 | 0 | 0,5 | 0 | 0 | 2 | 3,5 | |
8 – Edvaldo Vasconcelos – RJ | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 1 | 0 | 1,0 |
Walter Cruz venceu invicto e com maestria o Torneio Nacional de Seleção, com vantagem de um ponto e meio sobre Otávio Trompowsky, o segundo colocado. O match pelo título brasileiro, realizado em fevereiro de 1938, seria em dez partidas, mas terminou na sétima por desistência de Trompowsky. Com o triunfo por 4 a 3 (duas vitórias, quatro empates e uma derrota), Walter Cruz conquistou o título de campeão brasileiro de 1938. Walter Oswaldo Cruz (foto) nasceu em Petrópolis (RJ) no dia 23 de janeiro de 1910 e faleceu no Rio de Janeiro em 3 de janeiro de 1967. Era filho do grande médico sanitarista Oswaldo Cruz, cujo prestígio no início do século XX ultrapassou as fronteiras do Brasil. Walter Cruz também foi médico, especialista em hematologia. Trabalhou no famoso Instituto de Manguinhos (Avenida Brasil, Rio de Janeiro), que foi fundado pelo pai e hoje tem o nome de Instituto Oswaldo Cruz. Um mês após conquistar o Campeonato Brasileiro de 1938, virou notícia nas principais colunas de xadrez do mundo, porque empatou com o então campeão mundial Alexander Alekhine, no Sul-Americano de Carrasco (Montevidéu, Uruguai). Walter Cruz foi diversas vezes campeão do Interclubes-RJ pela equipe do Fluminense. Manteve boa coluna de xadrez na revista O Cruzeiro e escreveu interessante livro intitulado “Repertório de Aberturas”. Participou de nove campeonatos brasileiros: ganhou seis e foi vice-campeão nos outros três.
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1938
Walter Cruz 1 x 0 Otávio Trompowsky – 4a. partida
Otávio Trompowsky 0,5 x 0,5 Walter Cruz – 7a. partida
Campeonato Brasileiro 1939
Campeão: Otávio Trompowsky (Rio – DF)
Vice-campeão: Walter Oswaldo Cruz (Rio – DF)
Local: Rio de Janeiro (DF)
O match pelo Campeonato Brasileiro de 1939 proporcionou novamente o duelo entre Walter Cruz e Otávio Trompowsky. Porém, ao contrário de 1938, a vitória foi de Trompowsky. Conforme as normas introduzidas desde a competição anterior pelo Presidente Joaquim de Almeida Pinto, a Federação Brasileira de Xadrez realizou o Torneio Nacional de Seleção em janeiro de 1939, a fim de escolher o desafiante do campeão Walter Cruz. O próprio presidente, como aconteceu em 1938, foi um dos dez competidores. Fora da então capital federal (Rio de Janeiro), compareceram Edvaldo Vasconcelos, do antigo Estado do Rio de Janeiro; e Jaime Moses, campeão de Minas Gerais. Oswaldo Cruz Filho, irmão de Walter Cruz, também participou. Trompowsky e Caubi Pulchério ficaram empatados na primeira colocação do Torneio de Seleção, precisando de um match para definir o vencedor do torneio. Todavia, Pulchério desistiu de jogar esse match. Então, Trompowsky ganhou o direito de desafiar o campeão.
TORNEIO NACIONAL DE SELEÇÃO – 1939
Classificação | 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | PG |
1 – Otávio Trompwsky – Rio-DF | 0 | 0,5 | 0,5 | 1 | 1 | 0,5 | 1 | 1 | 1 | 6,5 | |
2 – Caubi Pulcherio – Rio-DF | 1 | 0,5 | 0 | 0,5 | 0,5 | 1 | 1 | 1 | 1 | 6,5 | |
3 – Ademar Silva Rocha – Rio-DF | 0,5 | 0,5 | 1 | 0,5 | 0,5 | 1 | 0,5 | 0,5 | 1 | 6,0 | |
4 – Oswaldo Cruz Filho – Rio-DF | 0,5 | 1 | 0 | 1 | 0 | 0,5 | 1 | 1 | 1 | 6,0 | |
5 – João de Souza Mendes – Rio-DF | 0 | 0,5 | 0,5 | 0 | 1 | 0,5 | 1 | 1 | 1 | 5,5 | |
6 – Jaime Moses – MG | 0 | 0,5 | 0,5 | 1 | 0 | 0 | 1 | 1 | 1 | 5,0 | |
7 – Joaquim Almeida Pinto – Rio-DF | 0,5 | 0 | 0 | 0,5 | 0,5 | 1 | 0 | 0,5 | 1 | 4,0 | |
8 – Manuel Madeira de Ley – Rio-DF | 0 | 0 | 0,5 | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 | 1 | 3,5 | |
9 – Edvaldo Vasconcelos – RJ | 0 | 0 | 0,5 | 0 | 0 | 0 | 0,5 | 0 | 1 | 2,0 | |
10 – Luiz Burlamaqui – Rio-DF | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 |
O match entre Trompowsky e Walter Cruz pelo título seria em dez partidas, mas terminou na oitava com a vitória de Trompowsky por 5,5 a 2,5 (cinco vitórias, um empate e uma derrota). Walter Cruz venceu a primeira. Porém, o desafiante reagiu e ganhou cinco partidas seguidas. Com a excelente vantagem no placar e precisando apenas do empate para conquistar o título brasileiro, Trompowsky jogou diferente na sétima partida. Ele testou análises embrionárias da abertura que mais tarde receberia seu nome. Essa estréia da sua novidade teórica não foi feliz, porque Walter Cruz desmoronou toda a sua estratégia. Na oitava partida, Walter Cruz jogou Db3 no lance 40, perturbado por sua seta do relógio estar a pique de cair (venceria com a sequência: 40.Cb4 Dxd3 41.Txa6+ bxa6 42.Cc6+ Ra8 43.Txb8++. O lance das pretas 40…. Dc7 também é perdedor, pois as brancas responderiam 41.Cxa6). Trompowsky empatou a partida e conquistou o título (ver a oitava partida mais adiante).
O campeão brasileiro de 1939, Otávio Figueira Trompowsky de Almeida (foto), nasceu no Rio de Janeiro em 30 de novembro de 1897 e faleceu na mesma cidade em 26 de março de 1984. Rua Marechal Trompowsky, no bairro da Tijuca (Rio de Janeiro), é homenagem ao seu pai, Roberto Trompowsky Leitão de Almeida, importante militar da época da monarquia e começo da República. Seu irmão, o aviador Armando Trompowsky, também é imortalizado com nome de logradouro no Rio de Janeiro: Avenida Brigadeiro Trompowsky, no Galeão (Ilha do Governador). Otávio Trompowsky foi campeão carioca em 1921, 1923 e 1931. Foi campeão carioca Interclubes pelo Fluminense (1938, 1945 e 1946), pelo Clube de Xadrez do Rio de Janeiro (1947) e pelo Olímpico Clube (1958).
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1939
Otávio Trompowsky 0 x 1 Walter Cruz – 1a. partida
Walter Cruz 0 x 1 Otávio Trompowsky – 4a. partida
Otávio Trompowsky 1 x 0 Walter Cruz – 5a. partida
Walter Cruz 0,5 x 0,5 Otávio Trompowsky – 8a. partida
Campeonato Brasileiro 1940
Campeão: Walter Oswaldo Cruz (Rio – DF)
Vice-campeão: Otávio Trompowsky (Rio – DF)
Local: Rio de Janeiro (DF)
O Torneio Nacional de Seleção do Campeonato Brasileiro de 1940 deveria ser realizado em São Paulo, sob a direção do Clube de Xadrez São Paulo. Porém, problema relacionado pela mudança de local da sede do clube paulista fez com que, mais uma vez, a competição fosse disputada no Clube de Xadrez do Rio de Janeiro, em fevereiro e março de 1940. Walter Oswaldo Cruz venceu com certa tranquilidade o Torneio Nacional de Seleção e ganhou o direito de jogar o match de dez partidas com o campeão Otávio Trompowsky. A grande sensação do seletivo foi o então jovem Joaquim Caetano Neto (foto), que chegou em segundo lugar e foi o único que derrotou o vencedor. O Torneio Nacional de Seleção de 1940 foi em dois turnos. A ompetição só teve representantes da antiga capital federal, o Distrito Federal (Rio de Janeiro).
TORNEIO NACIONAL DE SELEÇÃO – 1940
Classificação | 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | PG |
1 – Walter Oswaldo Cruz | 0,5 | 1,5 | 2 | 1,5 | 5,5 | |
2 – Joaquim Caetano Neto | 1,5 | 1,5 | 0,5 | 0,5 | 4,0 | |
3 – João Souza Mendes | 0,5 | 0,5 | 1 | 2 | 4,0 | |
4 – Oswaldo Cruz Filho | 0 | 1,5 | 1 | 1 | 3,5 | |
5 – Manuel Madeira de Ley | 0,5 | 1,5 | 0 | 1 | 3,0 |
O match pelo Campeonato Brasileiro de 1940, realizado entre os dias 15 a 29 de abril de 1940, não precisou das dez partidas regulamentares. Bastou sete para Walter Cruz vencer por 5,5 a 1,5 (cinco vitórias, um empate e uma derrota) e recuperar o título. O terceiro match consecutivo Walter Cruz -Trompowsky despertou bastante interesse do público que presenciou as partidas. Era o grande desafio dos dois que disputaram entre si os matches dos campeonatos anteriores. A luta do campeão brasileiro de 1938 contra o de 1939. Além do mais, eles vinham de recentes empates com o então campeão mundial Alexander Alekhine. Walter Cruz no Sul-Americano de 1938. Trompowsky nas Olimpíadas de Buenos Aires em 1939. Walter Cruz levou a melhor na primeira partida (a menor do match, com apenas 23 lances). Otávio Trompowsky empatou a série, vencendo a segunda. A partir daí, Walter Cruz dominou completamente o adversário: venceu a terceira, empatou a quarta e ganhou seguidamente a quinta (a mais longa, com 85 lances e dez horas de jogo), a sexta (considerada pelo próprio Walter Cruz como seu melhor desempenho no match) e a sétima.
PARTIDAS DO BRASILEIRO 1940
Walter Cruz 1 x 0 Otávio Trompowsky – 1a. partida
Walter Cruz 1 x 0 Otávio Trompowsky – 3a. partida
Otávio Trompowsky 0 x 1 Walter Cruz – 6a. partida
Walter Cruz 1 x 0 Otávio Trompowsky – 7a. partida
Galeria dos Campeões e vice-campeões Brasileiros
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2015 | Rio de Janeiro (RJ) | Krikor Mekhitarian (SC) | Evandro Amorim Barbosa (SC) |
2016 | Rio de Janeiro (RJ | Everaldo Matsuura (SP) | Alexandr Fier (SP) |
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